10 nov 2024

Merendeira tem mandíbula dilacerada após explosão de panela de pressão em escola municipal

A merendeira Priscila Araújo Barbosa, de 31 anos, ficou gravemente ferida após uma panela de pressão explodir na cozinha da Escola municipal Embaixador Barros Hurtado, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, nesta quarta-feira. Ela e outros dois merendeiros preparavam comida para uma festa junina que ocorria na unidade.

Perícia técnica produzida por Ministério Público foi desconsiderada em sentença, afirmam representantes do caso João Pedro.

Com fraturas no rosto, perda de dentes e dilaceramento da mandíbula, Priscila passou por uma cirurgia e foi submetida a uma traqueostomia. Ela está internada no CTI do Hospital estadual Getúlio Vargas, na Pena, na Zona Norte. O estado de saúde dela é grave, mas estável, segundo o hospital.

— Minha irmã sofreu fraturas na face e perdeu vários dentes. Ela também quebrou a mandíbula e a língua ficou pendurada. Esse acidente ocorreu em um momento muito difícil para a família. Nossa mãe está em tratamento de um câncer e agora aconteceu isso. Está estável, porém ainda é grave —contou a enfermeira Talita, irmã de Priscila.

Segundo Talita, a irmã já reclamara com a família sobre o estado das panelas da escola.

— Ela comentou que estavam velhas, muito usadas e precisavam de ser trocadas. Um dos problemas era o uso intensivo. Isso porque a escola também oferece aulas a noite, quando a gestão do espaço é do governo do Estado. Havia o problema e faltou fiscalização — contou a enfermeira.

Foto: Divulgação

Em entrevista ao RJTV, da Rede Globo, o marido da merendeira disse que o dia do acidente era o último de trabalho da esposa antes das férias. O casal estava com viagem marcada para Maragogi, em Alagoas.

—A hospedagem já está paga. A gente ia comemorar os 12 anos que estamos juntos. Aí aconteceu essa tragédia — lamentou ele.

O outro ferido foi Luiz Paulo Soares do Nascimento, de 51 anos. Ele também foi atendido no Getúlio Vargas e já teve alta. Um terceiro merendeiro que também estava na cozinha não se feriu.

— É como se fosse uma granada. Quem está a dois, três metros da panela, é atingido por estilhaços. São cortes, lacerações, amputações e até morte. As queimaduras, nesses casos, são secundárias — disse o major Fábio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros.

Em nota, a Secretaria municipal de Saúde informou que “os colaboradores foram socorridos de imediato pela direção da escola. Eles chegaram conscientes ao hospital, onde receberam pronto atendimento e seguem agora em observação com o apoio necessário”.

Sobre a denúncia do mau estado de conservação da panela, a Secretaria afirmou que “está prestando todo o apoio aos dois profissionais feridos após a explosão de uma panela de pressão. O utensílio foi adquirido há menos de um ano. Foi aberta uma sindicância para investigar as causas da ocorrência”.

Outro caso

Em fevereiro, outra panela carregada de feijão explodiu no Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Antônio Alfredo Mercadante, no Jesuítas, em Santa Cruz. Na ocasião, ninguém se machucou, mas foi por muito pouco:

— O barulho foi assustador. Uma merendeira, que é terceirizada, estava no fogão e por milímetros estilhaços não atingiram o rosto dela. O fogão teve que ser trocado. O feijão ficou espalhado por todo lado. E era muita comida. Por dia, a cozinha produz de 180 a 190 refeições — relatou uma funcionária da escola, que pediu para não ser identificada.

O secretário de Educação, Renan Ferrerinha, nega que a condição das cozinhas seja precária. Segundo ele, os casos registrados em Cordovil e Santa Cruz foram incidentes isolados. Ele observou, por exemplo, que no caso de Cordovil, a panela estava em uso há menos de um ano. De qualquer forma, uma sindicância foi aberta.

—A rede tem 1.527 escolas e em quatro anos, quase não recebemos relatos desse tipo. Nós temos regras para a gestão das cozinhas. Inclusive no início do ano distribuímos um manual com orientações de como trabalhar de forma segura nas cozinhas — diz Renan Ferreirinha.

O secretário acrescentou que todos os diretores recebem recursos de um fundo para a manutenção de rotina das escolas. A verba pode ser empregada em pequenos reparos ou para a compra de utensílios de cozinha, por exemplo. Segundo ele, em quase quatro anos foram repassados R$ 600 milhões.

Fonte: Extra

 

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