Um homem foi preso nessa quinta-feira (30/11) em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, por suspeita de abusar sexualmente de ao menos nove crianças entre 1 e 10 anos de idade, no bairro Veloso, em Osasco. Antônio Gomes Peixoto é conhecido na região como “Pastor Toninho” e ministrava cultos para as crianças em um cômodo no fundo de seu quintal.
O suspeito tinha acesso a elas por meio de sua esposa, uma cuidadora de crianças conhecida no bairro. Em alguns casos, pais e mães deixavam os filhos dormirem com o casal quando tinham compromisso no dia seguinte. A esposa de Antônio também é investigada.
Suspeito de estuprar crianças é preso Divulgação/Polícia Civil
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Um grupo de mães registrou um boletim de ocorrência na última quinta-feira (23/11), diante de relatos das crianças sobre comportamentos suspeitos de Antônio. No domingo (27/11), ele foi levado ao 8º Distrito Policial de Osasco, mas liberado porque não havia flagrante. A Justiça expediu um mandado de prisão temporária, cumprido nessa quinta.
“Tocou a minha Titita”
A empresária Jéssica Alessandra Leite, de 30 anos, mãe de duas meninas, de 6 e 3 anos, que ficavam diariamente com a cuidadora, gravou um vídeo em que a mais velha relata abusos por parte de Antônio. Na gravação, a criança diz que o pastor “tocava em sua titita”, enquanto aponta para sua genitália. Segundo a menina, isso teria ocorrido “várias vezes”.
Ao Metrópoles, Jéssica afirma ter sido informada sobre suspeitas de que Antônio teria praticado abuso pela mãe de uma outra menina que também passava o dia com a cuidadora. Segundo ela, assim que soube do caso, foi até o local para buscar suas filhas.
“Eu peguei minha filha, levei para casa. Foi uma hora de conversa tentando falar com a minha filha para chegar no ponto em que ela conseguisse falar sobre o que acontecia lá”, diz ela.
Segundo Jéssica, o pastor fazia ameaças para que as crianças não relatassem os abusos a seus pais.
“Uma mãe mandou mensagem pra mim quinta-feira. A filha dela é uma das maiorzinhas. A menina disse: ‘Mãe, o pastor beijou na minha boca e pegou na minha bunda’. Ele ameaçava dizendo que era enviado de Deus e que, se contassem, o capeta ia pegar elas de madrugada”, diz Jéssica.
“O pastor levava todo mundo para a igreja, pegava uma criança, colocava ela na frente do palco, de costas, e colocava a parte íntima dela junto com a dele e dizia que era assim que isso tinha sido feito”, completa ela.
A mulher afirma que, segundo relatos das crianças, Antônio teria ainda mostrado seu pênis para uma das meninas.
“Confio no meu marido”
Quando questionada pelas mães das crianças, a cuidadora disse que as denúncias eram falsas e que seu companheiro jamais faria mal a elas. Em áudio enviado via WhatsApp, ela afirma que “confia em seu esposo”.
“Não aconteceu nada disso. Eu confio no meu esposo. Meu esposo nunca ia fazer isso. Essas meninas inventaram. Porque o pastor reclamou com elas porque elas estavam com ‘frescurinha’ com os meninos”, disse a cuidadora na ocasião.
Mais tarde, ao perceber que a polícia estava atrás de seu companheiro, a cuidadora enviou um vídeo às mães, dizendo que não sabia de eventuais abusos praticados pelo marido contra as crianças.
“Gente, eu peço, não façam nada comigo. Eu nunca judiei das crianças. Eu amei todas elas, todas elas. Se alguma coisa aquele vagabundo fez, foi fora da minha presença, foi quando eu estava dormindo. Eu não sei como é que foi. Nenhuma criança falou nada para mim. Eu só quero ajudar vocês nesse processo”, diz a mulher no vídeo.
Desconfiança
A versão apresentada pela cuidadora é questionada por Jéssica. Para a mãe, a mulher sabia dos abusos. “Isso acontecia ali na casa dela. Tinha criança lá o dia todo. Como ela não ia ver?”, questiona ela.
Segundo a mulher, crianças teriam procurado a cuidadora para falar sobre o comportamento de Antônio, mas teriam sido ignoradas.
“Eu pagava R$ 1.500 por mês para essa mulher. Tinha mãe ali que pagava R$ 300, R$ 200. Ela era bem humilde, os vizinhos dela deram boas referências. Ela dizia que cuidava das crianças ‘por amor’, que sempre quis ser mãe, mas nunca conseguiu”, afirma.
Suspeito nega
De acordo com o delegado Luiz Henrique, do 8º Distrito Policial de Osasco, o suspeito nega todas as acusações. Segundo o delegado, é difícil saber quando os supostos abusos teriam começado.
“A gente não consegue ter dimensão da quantidade de crianças que podem ter sido vítimas. Até o momento, são três ou quatro pais e mães. O que as crianças relatam são abusos de passar a mão, acariciar. Ele nega tudo”, diz o delegado.
O suspeito depôs à polícia, assim como as mães das crianças.
Mães ouvidas pelo Metrópoles dizem que, desde que as primeiras denúncias foram divulgadas, pelo menos 15 crianças teriam relatado abusos do pastor.
Fonte: Metrópoles